terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Goodbye Lisbon and Hello London!!

Malas sendo arrumadas. Roupas dobradas. Beijinhos. Abraços. Estrada que virá. E por acaso se sabe, se sabe o que virá no dia de hoje?
Notícia em Londres: neve.
MEU DEUS, NEVE! Que sempre sonhei em ver caindo desde criança, mas o máximo que tive perto foi em Bariloche, já dura e impossível de se realmente sentir fofa.

- Amor, tudo pronto?
- Tudo.
- Teremos força?
- Não sei, mas de algum lugar isso se tira.
- Talvez de nós mesmo? Ou até do provável céu cinzento?
- Sim, pode ser.
- Mais alguma promessa a ser feita?
- Só que te amo e que... seja o que puder e lutarmos para ser.
- Sim, sim, sim!


Estrada se abre para nos deixar passar... sorrirei para as flores, sorrirei para o céu ensolarado, sorrirei, sorrirei, apesar de saber que nada será facil lá...
e seja o que Deus quiser!


CONTINUAÇÃO DA AVENTURA(ou loucura, nunca se sabe...)
no novo blog Justcallmelondon.blogspot.com
so, see ya there! ;)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A maré e nossas tomadas de decisões...

Emmanuel me leva para conhecer lugares em Ovar e perto de Pardilhó: vamos a um café que se chama Vela Areinho, e a maré está seca, seca, com pequenos pássaros rondando e uma serenidade bucólica. Tomo um capuccino que já vem deliciosamente com natas e ele um café. Observamos as cores do céu e suas nuances a se refletirem na água que mais parece um espelho. Mesmo a lama consegue ser bonita.

- Ah,mas quero te trazer aqui com a maré cheia...aí sim, aí sim...

Não me importo tanto. Brincamos de tirar fotos. Brincamos de imaginar como será nossa vida em Londres, mas de mãos dadas. Sempre de mãos dadas...

E o nosso resto da vida, será igual ao dos outros? E nossos sonhos? Minguarão junto a maré cheia ou permanecerão, mesmo aos trancos e barrancos, como os montes de terra que afundam mas dali não saem? Não saem nunca daquele espelho, onde se escondem as mais profundas fantasias e divagações...

Eu não sou espelho de ninguém, sou? Ou seremos, Emmanuel?

E a maré que aos poucos enche é que nos vem perguntar...
"São vocês o espelho do fracasso das outras pessoas
ou são vocês espelho da vitória das outras pessoas?"

Porém as gaivotas não ligam e pisam encima da água que cresce, desfacelando as perguntas. Só que, em nossas mentes, todas elas ficam bem juntinhas, à espera do pôr de Sol esclarecedor que será nosso futuro e, onde, dentro dele, reinarão sempre nossos atos e tomadas de decisões...

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Adeus, Lisboa!



Minha despedida de Lisboa foi, digamos assim, simples e complicada...

- Ele vai lhe pegar no comboio, certo? Em Ovar?
- Sim, tio, sim... estará a espera na porta já, não se preocupe e obrigada...

Malas a serem descidas. Bato na porta para pegar uma suposta peça de roupa que havia caído do estendal. A porta da velhinha do primeiro andar. Na verdade a roupa nem era minha, vai ver foi uma desculpa para ela poder conversar mais comigo...
- Porque sabe, menina? Eu sou de outra era, quando isso tudo era realmente bom, quando as pessoas trabalhavam e trabalhavam muito mesmo, não é a toa que tenho meus pés assim cansados, foi de tanto andar de lá para cá, mas pelo menos se recebia, pelo menos havia emprego.
- Pois...
- Mas siga bem seu caminho, está certa, ir atrás do que é melhor para você... espero que dê tudo certo lá viu...

E se cria uma afeição mútua e passageira. Gostei afinal daquela velhinha que mora sozinha no primeiro andar do prédio ao qual não voltarei mais...

Meu cartão SUB23 quebra, fica com uma rachadura bem na parte onde há o chip para detectar na máquina do metro. Parece mais um aviso de que tenho mesmo que ir...
- Na verdade nem haverá mesmo mais Sub23... terá de ser o cartão social...- uma funcionária do metro diz, ao passar o seu cartão para eu poder passar... penso que estão cortando mesmo todos os custos que podem.

E um último olhar. Para o pôr do Sol que se despede manhoso por detrás dos pequenos prédios e igrejas rebuscadas de história, para a vegetação verde que recobre toda a paisagem, salpicada aqui e ali por povoação, já na parada de Vila Franca de Xira, não mais Lisboa... não mais.


E esse gosto de aventura que me toma, junto a Emmanuel...
Sim, Londres, dia 7 aí vamos nós! E mal posso esperar para te conhecer...

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

COMO UMA PAREDE

Foi bem assim:
- Para conseguir consulta com médico para os que não possuem utentes, venha amanhã antes das oito.

Acordo. Dia que ainda é noite, porque aqui é assim, manhã é muito cedo é meio madrugada, é noite. Trocar de roupa. Passar água na cara. Ter coragem de enfrentar o céu escuro e o frio absurdo que traz a manhã. Comer pão com queijo e presunto ao lado do leite de soja frio. Mas vou-me, com cachecol, casaco e tudo.
Atravesso a rua, afinal o posto não fica longe. Subo as escadas, primeiro andar, sem elevador, e me cansa. Chego arfando lá encima e me deparo com 4 figuras : velhinhas que ali estão a esperar o posto abrir. Uma se encontra deitada encima da escada, duas muletas encostadas no chão. Outras duas estão sentadas em um mesmo degrau de escada, enquanto a outra fica de pé ao meu lado. Cumprimento-as, descobrindo que o posto ainda se encontra fechado. Me perguntam quem será meu doutor, nem sei, e assim respondo. Logo após chega mais um senhor, esse mais novo, mas não tão novo assim, deveria ter uns 50 anos, com o dedo enfaixado e sem alguns dentes. Teve algum acidente e está vindo sempre para lhe conferirem os pontos.

Conversa vai, conversa começa a vir... e uma das velhinhas começa a contar como perdeu o marido e tudo por causa de um homem, suposto cliente que foi vê-lo no dia em que morreu. No final não entendo se ele morreu de AVC ou baleado, só entendo a dor nos olhos dela, que vêm junto com as lágrimas. Imagino como deve ser ruim perder alguém que se ama tanto... O homem atrás dela sentado também fica intrigado como eu,mas acaba que fica um silêncio austero. Outra menina chega, essa mais ou menos de minha idade, e logo após, finalmente, alguém que as velhinhas conhecem, uma mulher arrumada que chega com uma maleta. Ela abre a porta e as velhinhas começam a se levantar. A outra que estava deitada, com cara ranzinza, tenta com todas as forças se segurar nas duas muletas, mas vendo que não consegue, geme ``ai,ai...`e todos vão ajudá-la. O homem lhe diz que não deveria estar vindo mais pra postos assim, com escadas e tudo o mais. Ela lhe responde resignadamente que se não vão até ela, ela têm que vir e pronto e todos se calam, assentindo. Todos entramos na fila certa de quem chegou primeiro e lá dentro tudo se arranja, cada um com seu médico. Descubro que o meu na verdade só virá de meio-dia, e quase amaldiçôo a outra secretária que me disse para vir tão cedo!


A manhã passa e...

...chego de meio-dia, pois serei a segunda a ser atendida, supostamente meio-dia e quinze. Descubro que o médico se atrasou. Passa-se uma hora... me mandam para a sala de espera de cima. Subo mais escadas e me sento, lendo uma revista ,ali, jogada na mesa. Meu nome é chamado no alto-falante mas não dizem o consultório então saio feito uma barata tonta atrás, até que uma senhora sentada, também paciente, me indica: consultório 4.

- Olá, tudo bem?
- Olá... tudo sim, caminhando...
- Então, qual é o seu problema? Já estou a perceber que estais um bocado constipada, sim?
- Na verdade eu vim porque sou diabética e estou aqui de intercâmbio e preciso fazer exame para saber quanto está minha glicemia, e para isto precisava de uma requisição. Fora isto sim estou um cado constipada e também tenho sinusite então antes estava tomando Aerus mas parei porque acabou e...
- Te passarei então a requisição e também uma receita para tomares Aerus...
- E em relação a minha gripe?
- Te passarei Bisolvon ou Paracetamol. Mas é isso vá fazer o exame, não se pode uma pessoa diabética sem saber suas taxas de glicemia, sim?

( Isso tudo se passou sem que me tocasse um de
do, nem realmente demonstrasse algum interesse em me examinar ou pelo menos tentar saber se estava tudo bem...)


Saio dali me sentindo uma parede. Talvez já seja mesmo hora de partir, afinal...





segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Um presente especial...




Foi só porque em Recife encomendava talvez muitos presentes. No mínimo um por mês ou talvez até um por semana. Queria um que me desse tudo o que eu precisava, um presente que não enjoasse ao ter ou que não me fizesse mal... mas, afinal, o que eu queria? E era aquela espera, e lojas, e tantas lojas, à procura desse presente que talvez nem existisse... e pra quê? Tantas vezes me fazendo presente na vida de pessoas que nem presentes em momentos valiam...

Muitas vezes tentei encomendar, encomendar do jeito que eu queria, mas sempre que traziam era incompleto, faltava partes, e eu tentava fazer encaixar na caixa algo que era muito menor ou muito maior, nunca o molde perfeito pra mim.

Ou vai ver nunca deixei eu deixar passar o meu molde para as outras pessoas, outros presentes.
Quem afinal era a verdadeira eu ali?

Até que um dia foi, resolvi mudar de vida, porque algo naquela vida já não me chamava mais. Estagnado talvez? Não sei, só sei que foi isso, me mudei. Parti de intercâmbio e foi onde te conheci, Emmanuel... e aquela listinha que havia perdido em algum lugar da minha mente, aquela lista que dizia tudo que eu desejaria em alguém, foi aflorando, reaparecendo, remarcando passos em mim mesma, e foi aí que percebi que... sim, você é o presente certo pra mim.
E sim, quero viver tudo o que for de mais difícil,mais especial e feliz contigo. Tudo, tudo, até os pequenos detalhes, assim como a descoberta da independência, e agora dividí-la contigo...

te amo muito, amor.


E Parabéeeeens de novo!!!* Que você seja muito, mas muito, muito feliz porque você merece amor da minha vida...
*(Porque só postei agora)

sábado, 14 de janeiro de 2012

A garrafa de água mágica e o saco plástico de ouro.


- Amor, vamos?
- Decidiste?
- Sim, amor, vamos mesmo.

Penso que é mesmo a hora certa de ir, apesar de agora estar gostando muito de Lisboa, ainda não sinto ser o lugar certo para deixar fluir a arte que quero. Mas não vou mentir que sentirei falta do ceguinho que toca no metro para ganhar gorjetas, das estações limpinhas e geralmente não tão cheias, do Bairro Alto com sua beleza esplendorosa que enche os olhos e... de minha família portuguesa, que me preenche a fome e o coração.

Engraçado lembrar que em um dia estava a ter sede. Chego na frente da máquina. Quero evitar comprar água para não gastar, mas estou sem garrafinha de água e portanto não terei como repor água no Conservatório. Penso, olho as opções. Decido pôr o número para ver quanto custa. Ponho, se não engano, o 57. Aparece, se não me engano, 60 cents. De repente, sem nem eu ter posto dinheiro nem nada, a garrafa é escolhida pela máquina e desce, jogada. Saem o troco de uns 40 cents. Estaco, maravilhada com a sorte e coincidência de algum pobre alguém que ali pôs o dinheiro antes para a mesma coisa mas não soube escolher e portanto perdeu um euro, que eu ganhei. Fico a sorrir com esta coincidência e...bebo a água toda.

O comboio chega.

Entro. Entra junto um homem tocando sanfona e aconchegando o ambiente. Em seu ombro, um cachorrinho que segura na boca um copinho onde se põe moedas. Decido gastar meu dinheiro ganho pela sorte nisto, feliz por ouvir boa música e por ter água para beber. O homem me sorri e sorrio de volta. Vai ver acredito que, mesmo no meio do caos e stress do dia a dia, ainda há espaço para se recolherem e se doarem boas energias.


Em um dia de chuva...

Chegamos eu e Emmanuel na estação de metro de Marquês de Pombal. Ele comprou uma ``camisola``(aqui significa blusa para o frio) e eu comprei um presente giro para minha tia-prima portuguesa. Estacamos ao perceber, antes mesmo de subir as escadas, que está a chover, e que isso estragará o belo embrulho do presente de minha tia. Não quero arriscar. Até brinco ao ver a mulher da limpeza da estação:
- Amor, eu estou quase a pedir um saco plástico para ela.
Ele não me leva a sério mas, após ver que a chuva só engrossa e que talvez seja o único meio de salvar o embrulho, acata. Vou com ele até um funcionário que também trabalha lá junto com a mulher e lhe pedimos um saco plástico, mesmo que seja de lixo, apenas para não molhar o embrulho. O homem fala com a mulher e nos olha com a cara nada simpática, como se estivéssemos a lhe pedir dinheiro.
- É porque os sacos não são nossos, são de uma empresa então não podemos dá-los.- Emmanuel até tenta explicar que seria apenas um, mas o homem nos corta e agradecemos, saindo logo em seguida diante de tamanha estupidez.

- É por isso que muitas coisas não andam para frente aqui.
- Pois. - É tudo que posso dizer me lembrando que no Brasil uma coisa que nunca se recusa a ser doado é um saco plástico.
Olhamos novamente para a chuva, ela olha para nós. Vemos uma menina de cabelo escovado prendendo-o e pondo-lhe o cachecol por cima. Por coincidência, ao ouvi-la falar ao telefone, notamos ser brasileira. Vai-se. Passam sombrinhas e pessoas, pessoas e sombrinhas e afinal decidimos. Emmanuel pôe a sacola de sua roupa encima do embrulho e eu guardo sua camisola em minha bolsa. Corremos. A chuva engrossa. Paramos na frente do banco e sentamos. Passa um táxi em alta velocidade, descrevendo um arco de água no ar que quase nos molha. Só não o chamamos de bonito.

Mas ao final de tudo, o que realmente importa é...chegar em casa, subir os cinco lances de escada, poder rir e ficar cansado perto de quem realmente te ama... e te ouve.




domingo, 18 de dezembro de 2011

Um capuccino com impossíveis natas e uma pulseira complicadamente comprada



Foi simples e complicado assim:

chegamos no Monumental para vermos um filme que só iria passar de meia noite.

Resolvemos tomar um cafezinho ali perto. Só que eu, como sempre, não queria um cafezinho, e sim um capuccino. Mas dessa vez iria querê-lo com chantilly( aqui, eles chamam de natas).

Olho pro menu, o garçom olha pra mim, Emmanuel olha pros dois e pede seu café a ele.

- Gostaria por favor de um capuccino com natas... poderia ser?

Garçom - Mas temos café com natas... é isso?

Eu- Não, não. Gostaria de um capuccino com chantilly, ou seja, natas. Não quero café e sim capuccino, entende?

Garçom - Hum... então você quer as mesmas coisas que tem em um capuccino só que com natas é isso?

Eu (já rindo diante de tamanha complicação com algo que no Brasil já é colocado por escolha)

- Sim, eu quero um capuccino normal, só que com natas encima, entende?

Garçom- Hum... tudo bem, mas não sei se pode... vou lá dentro falar e já volto, tudo bem?

Eu- Tudo.

Emmanuel me olha com cara de ``desiste antes que ele complique mais a situação`` mas eu não me importo. Tudo que eu quero é a droga do capuccino com natas, oras!


Depois de tempos ele chega e me diz que sim, o capuccino terá natas. No fim das contas, este é trazido a minha mesa e o preço continua o mesmo, mas me faz pensar que certas coisas supostamente simples aqui demoram a se processar... e às vezes nestes pequenos momentos realmente parece outro mundo...e pode ser até divertido observar.

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Procuro uma loja para comprar prendas. Entro em diversas , sentindo que minha taxa não está lá muito boa, mas que preciso achar uma loja e fazer um teste logo que possível. Encontro uma perto de uma parada do metro no Restauradores, loja turística onde há vendedores aparentemente indianos a atender. Vejo uma pulseira que me chama a atenção, decido que o valor coincide com o combinado na troca de prendas do jantar desta noite. Pago e pergunto se posso fazer o teste no balcão, mostrando o aparelho que utilizo. Ele olha-me com um sorriso estranho, mas não me intimido e furo meu dedo, pondo o sangue na fita e aguardando o resultado, que dá 42, ou seja, muito baixa. Ele me olha :


- Diabetes, não é?

- Sim...

Olha-me intensamente como se com os olhos quisesse mostrar uma verdade.

- Diabetes é doença de rico, pobre não tem isso.

Paro, sem nem compreender a estupidez do que ele está a dizer, nem acreditar.

Tudo que me sai, diante de minha exaustão física e pensamentos já fracos é:

- Isso é hereditário, não tem nada a ver.

- Mas é doença de rico, pobre não tem...

- Eu nem sou rica.

- Você é.


E aqueles olhos a me olharem como se a praguejar, como se a me culparem por algo que ele nem tem idéia do que é ou de quem sou ou do que essa doença me faz ser. Fiquei a imaginar depois o porquê de ter sido justamente aquela a loja a ter o que eu necessitava, e justamente aquele vendedor estúpido a ter me visto fazer o teste e falar algo tão desnecessário... E a cada dia se entende que em qualquer lugar podem se encontrar pessoas boas, mas da mesma forma encontramos pessoas de cabeça fechada, que não sabem ou pior, sabem o quanto palavras podem magoar.


E tudo de que precisamos, no fim das contas, é de um filtro para bloquear qualquer tipo de energia negativa...mas será que conseguimos?